Campanha alerta sobre as filas de espera para transplante
Ninguém gosta de ficar em filas, ainda mais quando a espera envolve a saúde, em que o tempo pode ser decisivo para garantir a manutenção da vida de um paciente. Pensando em uma maneira de alertar e conscientizar a população para a importância de doar órgãos que a Santa Casa de Misericórdia lançou um marketing de guerrilha nas padarias e mercados de bairro, em São Paulo.
A Campanha chamada “Ticket de Espera” gerou comoção pública, visto que cada pessoa que chegava para ser atendida recebia uma senha com um número alto, como 27.951 e, junto a esse número, vinha a mensagem: “Esta seria sua posição se você estivesse na fila para receber um órgão. Seja um doador de órgãos. Comunique sua família”.
Criada voluntariamente, em março de 2012, pela agência Y&R, por Leon Valente e Marina Erthal, com direção de Criação de Rui Branquinho e Flavio Casarotti, o vídeo da Campanha trouxe à tona o problema enfrentado pelas pessoas que aguardam nas filas a espera de doação.
Assista abaixo:
A doação e as filas no Brasil
Na última década, o Brasil dobrou o número de doadores. De acordo com o Ministério da Saúde, passou de 7.500 para 15.141 cirurgias. Só no primeiro semestre de 2013 foram realizados 11.569 procedimentos.
Atualmente, 95% dos transplantes no Brasil são realizados pelo SUS. O país é responsável pelo maior sistema público de transplante do mundo, assim como o próprio SUS, que é referência mundial em transplantes de órgãos. Desde 2011, o número de pessoas na fila de espera por algum órgão caiu 36%. Isso se deve, em boa parte, pelo aumento no número de doadores de órgãos: 13,4 pessoas são doadoras em cada milhão de habitantes. Segundo Ministério, mais de 50% das famílias brasileiras, ao perder um ente, são favoráveis à doação de órgãos.
Mesmo com o aumento do número de transplantes, não há indicadores oficiais gerais do tempo de espera nas filas, isso considerando as disparidades geográficas. Com base em dados do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), estudiosos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estimaram os tempos de espera para transplantes. Os resultados indicam redução na espera por alguns órgãos (córnea e pâncreas), elevação em outros (fígado, coração, rim/pâncreas). O rim é o órgão mais transplantado e mais aguardado na fila de pessoas que precisam de um transplante. Os estados das regiões Sul e Sudeste (exceto o Rio de Janeiro) e Centro- Oeste tiveram os menores tempos de espera e maiores taxas de atendimento do país.
Importância do debate dentro de casa
A luta dos serviços de captação de órgãos humanos é constante e difícil. A doação é um ato de amor a quem precisa e quem decide por este procedimento é a família. Para doar, é preciso se autodeclarar doador, visto que a legislação brasileira prevê que nenhum documento feito em vida vale na hora de se confirmar a intenção de quem foi a óbito cerebral. Promover o debate dentro de casa para que não existam dúvidas acerca da pretensão do possível doador é fundamental. É importante dizer aos familiares e amigos se há vontade de abraçar essa causa para que a família, mesmo em um momento difícil, tenha maior subsídio na hora de autorizar os médicos a promover o transplante.